Passei minha infância nas casas de Palisades que minha mãe limpava. Também estamos de luto.
Acordei numa quarta-feira de manhã com mamãe parada do lado de fora da porta do meu quarto segurando uma folha de papel queimada.
“Isso foi no jardim, perto dos tomates”, explicou ela, ainda de roupão.
Eu olhei o papel com ceticismo. Um anúncio da devastação causada pelas chamas que queimam a 16 quilômetros de distância, levadas por ventos violentos até nosso pequeno quintal em Silver Lake.
No dia anterior, mami anunciou que a família com quem ela trabalhou durante 36 anos havia evacuado sua casa em Pacific Palisades.
“La señora disse que só pegou documentos importantes e foi embora”, ela me contou.
Para ser sincero, devo dizer que, naquela terça-feira, presumi que os incêndios seriam extintos antes que chegassem às suas casas. A bela casa em Palisades, da qual minha mãe cuidou durante a maior parte de sua vida, sempre foi intocável em minha mente.
Mami veio para Los Angeles em 1982 como refugiada da guerra civil salvadorenha; nesse mesmo ano, ela começou a trabalhar como governanta residente na Avenida Palmera, em Pacific Palisades. Mami amava a Sra. Connie e seus filhos. Ela trabalhou com a família durante toda a gravidez comigo, e quando eu…